terça-feira, 17 de julho de 2012

Artes Plásticas Maranhenses!

Salão de Artes Plásticas apresenta evolução, mas os grandes artistas maranhenses estão de fora

Do Diário do André
Quem for ao prédio da Oficina Escola onde está instalado o II Salão de Artes Plásticas de São Luís terá pela frente uma exposição de nível superior a primeira edição do evento, realizada no ano passado. Porém ainda é uma mostra muito insossa, sem a participação de muitos grandes pintores. A evolução pode ser percebida principalmente nos trabalhos de pintura, desenho, gravura e performance, no qual algumas obras se destacam.
Um trabalho de vigor e impacto é a sequência de três desenhos de Cláudio Costa, “Página de um Alfarrábio”. Nela, o artista cria por meio de folhas de papel coladas em grampeadas sobre a madeira – suporte escolhido por ele, para levantar a impressão de uma temporalidade natural – uma reflexão sobre a vulnerabilidade da memória. Um dos trabalhos mais originais concentra-se sobre a peça III (1) da série. A morte e a busca pela numeração e catalogação da vida estão nos números gravadas sobre a madeira, que trabalhada e rabiscada pelo artista.

Uma visão simplória, porém fotograficamente bela, em estilo caricatura retrata o artista plástico maranhense Mondego, no quadro homônimo, de Jonilson Maciel Bruzaca.
Um dos mais experientes e renomados pintores maranhenses, o Fransoufer, que assina as obras com seu nome de registro Francisco Sousa Ferreira, participa do salão com as telas: “Maranhão, meu Maranhão” (2); “Meninos passarinheiros” e “Estórias que avó contava”. Quem já conhece o trabalho do artista poderá ver apenas a variação temática, porém enxergará poucas evoluções plásticas da já conhecida obra de Fransoufer. O observador verá um trabalho marcado por uma construção barroca, com a cultural maranhense e a religiosidade presentes nas cores e nos símbolos utilizados pelo pintor. Nos últimos anos, ele tem construído seu trabalho sob a mesma linha, criando assim uma identidade, contudo que têm se repetido e não buscado uma diálogo maior com outros suportes. A fragilidade está na repetição e na falta de ousadia do trabalho.
A ousadia ausente nas propostas de Fransoufer pode ser encontrada nos inquietantes painéis do artista plástico Fábio Vidotti: “São Luís, cidade das cores” (3) e “Chernóbio” . O uso de peças de computadores mostra uma preocupação com o meio ambiente que o mineiro faz questão de defender verbalmente. Porém está na ressonância plástica e primeira impressão a força da arte. Os mecanismos de informática reaproveitados formam um sistema de violência influência sobre o tempo atual. Uma camada de tinta reluzentes e vivas disfarça os sentimentos digitalizados (mecanizados).
Com três obras o artista Airton Marinho, participa do Salão de Artes na categoria gravura: a xilogravura é o estilo marcante de sua pintura. As peças são “”Festança no Maranhão”, “Fantoches” e “Coreiras” (4).

A performance “O Corpo Descartável”, do grupo Caco Teatro, é única performance inscrita no Salão de Artes Plásticas. Nela, o ator Jefferson Lima deita, dança, passeia e interage com corpos descartáveis. Ele busca ver a superficialidade de uma vida consumista e a resistência do plástico.

O II Salão de Artes Plásticas de São Luís, realizado pela Fundação Municipal de Cultura (Func), tenta retomar a política de percepção e divulgação dos trabalhos de artes visuais na capital maranhense, frisada como a Coletiva de Maio, na década 1980-90, e o Salão de Artes do Maranhão, da década 1970. Porém se não houver uma maior participação dos artistas que têm os trabalhos mais expressivos das artes maranhenses, como Dila, Mondego, Beto Lima, Péricles Rocha, não se pode avaliar uma verdadeira resistência da produção visual em São Luís.
A mostra ficará aberta até o dia 10 de julho. A entrada é gratuita. Um dos equívocos estruturais diz respeito ao horário de visitação, que vai das 9h às 13 e das 14h às 18h. Fechando para o almoço, o Salão NÃO permite que pessoas aproveitem o intervalo do trabalho para ir conferir as peças de artes expostas.

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